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Endometriose: uma doença da mulher moderna

3 de agosto de 2010
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A Endometriose é caracterizada pela presença das células do endométrio – camada interna que reveste o útero – em outros locais do organismo, como  o peritônio (membrana de revestimento dos órgãos pélvicos), a tuba uterina (responsável pela ligação do ovário ao útero e transporte do embrião), ovários, formando cistos chamados endometriomas, e em casos mais graves infiltrando os tecidos e ligamentos atrás do útero, ou mesmo a parede intestinal. Entre as principais teorias que buscam explicar a origem da patologia está uma: durante a menstruação, quando o endométrio se renova, algumas células são enviadas pela tuba para dentro do abdômen, onde se instalam e se multiplicam, causando a Endometriose. Outras teorias explicam que a mulher já nasceria com  agrupamentos de células endometriais imaturas  distribuídas ao longo da  pelve, que futuramente se diferenciam e formam os focos de Endometriose.

A estimativa é que problema atinja cerca de 10% das mulheres, com idade entre 15 e 45 anos. Este percentual sobe para 40 a 50% nos casos de mulheres  subférteis. Porém, nos últimos anos, os casos vêm aumentando em razão do estilo de vida da mulher moderna. Dois fatores, considerados de risco para o desenvolvimento da Endometriose, são o estresse e o número de menstruações. Hoje, a mulher menstrua, em média, 400 vezes na vida.  No começo do século passado, esse número era de apenas 40 vezes, já que a primeira menstruação ocorria mais tarde, a mulher engravidava mais cedo, tinha mais filhos e passava longos períodos amamentando.

A forma principal de manifestação da doença é através da dor, seja cólica menstrual intensa, dor durante a relação sexual, dor no intestino na época das menstruações ou uma mistura destes sintomas. Com isso, a Endometriose pode ainda acarretar a diminuição no rendimento profissional da mulher e alterar as relações familiares e afetivas, reduzindo a auto-estima e qualidade de vida. O diagnóstico definitivo requer a realização de um exame cirúrgico chamado Videolaparoscopia, uma cirurgia minimamente invasiva em que a cavidade abdomino-pélvica é acessada através de pequenas incisões na parede abdominal.

O tratamento

É indicado após a análise do quadro clínico de acordo com as necessidades individuais de cada paciente. Normalmente se indica o tratamento para alívio da dor pélvica crônica,  melhora da fertilidade, retirada de focos da doença, ou por todos estes motivos. O tratamento definitivo é sempre cirúrgico (pela videolaparoscopia), com retirada completa dos focos de endometriose. Entretanto, esta cirurgia por vezes é complexa  e com retirada de muito tecido, podendo comprometer ainda mais a fertilidade. O tratamento clínico é apenas paliativo, para alívio das dores,  podendo ser utilizado em formas brandas da doença e em mulheres que não pretendem engravidar, através de medicações hormonais que bloqueiam a menstruação , como os anticoncepcionais combinados ou os progestágenos.

A Endometriose não é sinônimo de infertilidade

No entanto, seis de cada 10 mulheres com essa doença precisam do auxílio de técnicas de reprodução assistida para engravidar. Em alguns casos, o tratamento pode ser feito hormonalmente, associado à intervenção cirúrgica para eliminar o endométrio que está fora do útero. Havendo necessidade de técnicas de reprodução assistida, a Inseminação Intra-uterina pode ser utilizada em casos mais leves da doença, se o estado da tuba e o espermograma do casal são satisfatórios. Para a maioria, a Fertilização in Vitro (Fiv)¹ é a melhor alternativa para a reprodução de mulheres com Endometriose, já que a doença não afeta as taxas de gravidez através deste método. De qualquer forma, assim como em outras patologias, o diagnóstico precoce é sempre o melhor aliado.

¹ Para saber mais sobre este método de fertilização, leia os posts da categoria “Fertilização in Vitro” neste blog.

 

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